domingo, 18 de outubro de 2009

ROUBO DE ARSENAL - RETRATO FALADO AJUDA NA AÇÃO POLICIAL


Com a ajuda do capitão Marcos Vinícius Barros dos Santos, 37 anos, peritos do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) confeccionaram o retrato falado de um dos envolvidos no sequestro do oficial e no roubo de 58 armas de quartéis e destacamentos do Sertão Central. A composição fotográfica, que mostra um jovem magro, com idade entre 25 e 30 anos, altura aproximada de 1,80 metro, pele branca e cabelos curtos e lisos foi divulgada ontem.De acordo com o policial, dos três bandidos que participaram do crime apenas esse não utilizava capuz. Ele teria ficado do lado de fora da casa do capitão, enquanto os outros dois renderam o oficial e fizeram a esposa e a filha dele reféns. No momento da abordagem, o bandido descrito por Marcos Vinícius usava uma camisa de algodão bege.Ontem, além de ajudar o IITB, o capitão também participou com técnicos do Instituto de Criminalística de perícia no carro dele, o Polo Sedan de cor chumbo e placa KJJ-2712, deixado pelos bandidos no município de Belém do São Francisco.Marcos Vinícius passou mais um dia sem dar entrevistas, segundo ele, por ordens superiores. Na versão do capitão apresentada à polícia, os criminosos abordaram-no em casa às 20h da última terça-feira. Obrigado a recolher 15 fuzis, 5 submetralhadoras e 38 pistolas em unidades policias de Salgueiro, onde mora, Terra Nova, Serrita, Parnamirim e Verdejante, enquanto sua família era feita refém, ele só teria sido liberado às 4h da quarta-feira.Além da versão do capitão, o Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil estaria trabalhando em cima de outra linha de investigação, que não foi divulgada. Em Salgueiro desde o dia do crime, o delegado-chefe do GOE, Claudio Castro, não quis dar entrevista sobre o caso.O comandante da Polícia Militar, coronel José Lopes, afirma que é uma questão de tempo a prisão dos responsáveis e a recuperação das armas.“Não foi só uma pessoa que cometeu o crime, trata-se de um grupo. Então, após a gente chegar a um, o restante com certeza vai ser preso”, destaca.O arrastão das armas no Sertão pernambucano deixou os Estados vizinhos em alerta. As Polícias Militares no Nordeste estão realizando operações em várias cidades do interior para tentar localizar a quadrilha responsável pelo crimeDISQUE-DENÚNCIANa manhã de ontem, o Disque-Denúncia recebeu a primeira informação sobre o caso. A denúncia foi recebida na central do Agreste, que fica em Caruaru, e encaminhada ao GOE. O serviço, que está oferecendo R$ 2 mil por informações que levem à quadrilha, não divulgou o teor da ligação. Denúncias podem ser feitas pelos telefones 3421.9595 – capital e Região Metropolitana – e (81) 3719.4545 – interior.PM FAZ CIRCUITO DE CRIMESALGUEIRO – As investigações sobre o sequestro do capitão Marcos Vinícius Barros dos Santos e o roubo do arsenal da PM se estenderam durante todo o dia de ontem. Depois de ajudar a elaborar o retrato falado de um suspeito, pela manhã, o oficial refez, à tarde, parte do circuito dos quartéis assaltados na madrugada de quinta-feira.Na companhia do delegado do Grupo de Operações Especiais (GOE) Cláudio Castro, que está à frente dos trabalhos, o capitão mostrou como foi obrigado pelos bandidos a levar o armamento. Entretanto, o trajeto se limitou ao batalhão de Salgueiro.Marcos Vinícius também ajudou a periciar o carro usado por ele para recolher as armas em Salgueiro, Terra Nova, Parnamirim, Serrita e Verdejante. No veículo, há marcas de barro similares ao material encontrado na estrada que leva até Terra Nova. O Polo Sedan de cor chumbo e placa KJJ-2712 foi deixado pelos bandidos em Belém do São Francisco e agora encontra-se na garagem da Delegacia de Salgueiro.TESESO cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), José Maria Nóbrega, acredita que o sequestro do capitão pode estar relacionado com o processo de migração do crime organizado do Sudeste para o Nordeste. “Circulam informações de que os criminosos tinham sotaque do Sudeste do País”, comenta o acadêmico, que é autor do trabalho Homicídio no Nordeste - Um estudo recente. O professor também alerta para a coincidência de redução do crime no Sudeste a partir de 2006 e, em contraponto, do aumento no Nordeste na mesma época.Nóbrega diz, ainda, que o fato de as políticas públicas estarem se fechando na Região Metropolitana do Recife (RMR) deixa um flanco aberto no interior. “As estatísticas comprovam que, com a exceção da Mata Norte, de Caruaru e dos municípios do Sertão do São Francisco, onde existe uma política interessante de combate ao crime, nas demais cidades do interior a criminalidade tem aumentado.” Na avaliação do cientista político, o tráfico de drogas é o combustível do crime no interior. “De outubro de 2008 a maio de 2009, mais de 30% dos crimes tinham o tráfico como principal causa. A vingança também aparece como uma das motivações e, mais uma vez, é possível remeter ao tráfico.” Ele acredita que as armas roubadas vão dar robustez ao crime organizado. “Aposto que as armas serão usadas em roubo de carga. Com o dinheiro, acredito que a quadrilha financiará o tráfico de crack..”

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