Parada gay toma conta da terra de Lampião

Uma festa com tudo o que tem direito. Trio elétrico, apresentações musicais e desfile de fantasia em pleno Sertão. Não se trata de carnaval fora de época. Hoje, o município de Serra Talhada, terra do cangaceiro Virgolino Ferreira, Lampião, a 420 quilômetros da capital pernambucana, sediará a primeira edição da parada da diversidade. A cidade vai se render às cores do arco-íris e entrar para a história. Os organizadores do evento esperam cerca de cinco mil pessoas. As festividades tiveram início ontem, com uma feira cultural com vendas de camisetas do evento, máscaras e artigos que fazem parte da cultura local. Em seguida, houve a entrega da faixa para a madrinha do evento, e a escolha do garoto e garota mais sexy, com direito a premiação. Para animar os participantes, tenda eletrônica e apresentação da banda Cacazinho e os Dalits. Hoje, a festa começa a partir das 16h, com concentração na Praça Manuel Pereira Lins, bairro Alto da Conceição, acompanhada por um trio elétrico. Por causa do horário das missas, a passeata, que tem um percurso de aproximadamente um quilômetro até a Praça Principal, no Centro, só terá início às 20h. A noite vai ser aberta com shows de drag queens do Recife e de cidades vizinhas. Entre as estrelas, Lolita, de São Paulo. Em seguida, se apresentam as bandas Serra Samba, Cacazinho e os Dalits, a cantora Michele Monteiro, que também puxa um trio. A festa continua com a escolha da melhor fantasia e desfile dos garoto e garota mais sexy. De acordo com Hélio Nascimento, um dos organizadores do evento, o Fórum dos Homossexuais e a organização não governamental do Recife Leões do Norte, referência no Recife, estarão presentes para fazer um trabalho de conscientização das pessoas contra a homofobia e o preconceito. “Nosso trabalho não para na passeata da diversidade. Queremos quebrar o preconceito e montar em Serra Talhada uma associação para a defesa dos direitos dos homossexuais”, disse. Os organizadores do evento fazem parte do bloco Cangay, um grupo de dez cangaceiros estilizados e vestidos de cor de rosa. O corajoso grupo espera que a primeira parada gay do Sertão não entre para a história só pela produção e empenho, mas que vire uma marca pela mensagem de liberdade de expressão, denunciando o preconceito e violência contra os homossexuais em todo o Brasil.